Lotus Esprit Turbo Challenge

Depois de um longo espaço de tempo, eis-me de volta a este meu querido cantinho. É aqui que consigo voltar a viver sem preocupações, sem responsabilidades… É uma das formas que encontro para me tornar eternamente adolescente. Eu bem sei que, por mais que queira, amanhã não terei que me levantar às 7h da manhã para preparar a mochila e sair para mais um dia de aulas no liceu. Bem sei que ao abrir a porta de manhã, não voltarei a encontrar o Tono com a mochila às costas e acompanhá-lo em mais uma conversa animada até à paragem da Barroca. Bem sei que não voltarei a chegar ao liceu, de manhãzinha, para colocar em dia mais um dia de jogatanas intensas no Amiga, em conversas animadas com o Pedro, onde, sempre muito entusiasmados, lá dizíamos os progressos conseguidos nos mais variados jogos e explicávamos como conseguir passar os mais variados “bosses” de tão coloridos jogos. Eu bem sei…
Mas há uma forma de sentir o cheiro de tudo isso aqui bem mais perto. E uma das formas que encontrei está nestas linhas que vou escrevendo. Porque as memórias “escritas” chegam-se para mais perto de nós. Tornam-se mais íntimas. E há tantos pormenores que eu guardo desde esses tempos. Tantos e tão bons. São tantos que até apetece dizer tudo de uma vez. Mas não pode ser. Por isso, falarei apenas de mais um jogo. Trata-se “apenas” do meu jogo de corridas preferido para o Commodore Amiga 500: Lotus Esprit Turbo Challenge. E se há algo que recordámos dos bons jogos de outros tempos é “a primeira vez que o jogámos” e “a primeira vez que o acabámos”. Pois bem… A primeira vez que o joguei foi em casa de um outro amigo, o Pedro Miguel. Fomos lá, nos nossos primeiros tempos de Amiga, para que nos gravasse alguns jogos, pois ainda tínhamos muito poucos, lembras-te Pedro? Lembro-me de vir de lá com cinco novos jogos pois não podia trazer mais já que apenas tinha 5 disquetes. O dinheiro não dava para mais… Logo por azar, este Lotus foi dos que deu os característicos erros de gravação e depois, em casa, acabei por inventar um pequeno truque para que o jogo entrasse. O vício conseguia fazer estes pequenos milagres… Eheh!!! A primeira vez que o acabei foi a jogar contigo. Já o tinhas acabado, a jogar sozinho em casa. E numa das inúmeras tardes passadas em minha casa, jogámo-lo “a dois” e, seguindo os teus preciosos conselhos lá o consegui acabar. Sim, ainda me lembro que na última pista do terceiro e último nível, não podíamos demorar mais do que uma pequenina fracção de segundo no abastecimento, senão, era o fim… E era isso que me tramava até então!!! E também me lembro muito bem daquele episódio que só nós os dois sabemos… O do circuito da Rússia, lembras-te? Para se ficar apurado era imperioso ser um dos 10 primeiros e eu, que ia em 9º em plena recta da meta, tenho uma batida fatal que me faz ficar em 11º… Acho que aquele sótão nunca ouviu tantas asneiras por metro quadrado como naquele dia. Ainda me lembro do meu pai perguntar algures lá do fundo da casa o que é que se estava a passar. Eu nem sabia onde me meter… O que nos rimos quando te contei. Sinto falta de ti, Pedro, e sinto falta de ti, Tono. É por saber o que são amigos como vocês que me dou conta de que hoje não os tenho. Bem, mas o propósito era mesmo falar das minhas aventuras com este Lotus Esprit Turbo Challenge. E isso já está feito.
Grande abraço.

Miguel

2 comentários:

Vasco disse...

Boa tarde. Miguel, como eu te entendo, quer a falar dos jogos desta forma, quer dos amigos da altura, quer também dos momentos em volta destes grandiosos jogos que nos "roubavam" horas a fio. Com aqueles gráficos que agora dizem, como era possível gostar disso, mas são pessoas como nós que mantêm a chama do AMIGA acessa. Ainda tenho o 500 e o 1200 a funcionar sem problema e de vez em quando que bem que sabe "matar" umas meias horas por semana como tão bem te explicas.

Miguel Brandão disse...

Olá Vasco.
Não te conheço e no entanto, a julgar pelas tuas palavras e pelo que o AMIGA nos deixou em comum, parece-me fácil imaginar muitos dos teus dias da altura que, certamente, não terão sido muito diferentes dos meus.
A menina dos meus olhos é o meu Commodore Amiga 500 de 1990 que ainda possuo a funcionar e no qual passo a maior parte do meu tempo quando consigo alguma disponibilidade para retrogaming.
Mas, para além desse, possuo mais 2 amiga 500, dois amiga 600 e dois amiga 1200 (só um funciona pois como o outro avariou adquiri outro recentemente).
Quanto aos amigos da altura, ui….. Nem consigo falar. Foram vários a partilhar as aventuras mas havia um em particular que também tinha um Commodore Amiga em casa. Chamava-se Pedro e ainda hoje é meu amigo. Só que agora contam-se pelos dedos das mãos os dias que nos vemos durante um ano inteiro. Digamos que mesmo sendo um enorme amigo, já não é o “melhor amigo” que eu tinha há mais de 20 anos atrás por força das circunstâncias.
A cada jogo que vou colocando aqui é também esses amigos e essas memórias que volto a trazer à tona. Também esse Pedro que agora tem quase 40 anos mas, sobretudo, esse mesmo Pedro que tinha uns 15 anos e com quem partilhei tantas aventuras na adolescência em frente ao Commodore Amiga.
Grande abraço Vasco e obrigado por me fazer voltar às boas memórias.

Miguel Brandão